01/20: +São Sebastião

2010, Francisco Aloisio

20/01 Dia de São Sebastião

Feriado Municipal no Rio de Janeiro

Ao contrário de outras capitais, o Rio tem seu feriado no dia do padroeiro e não na data de sua fundação – dia 1º de março. Para o historiador Milton Teixeira, essa diferença se deve à tradição do feriado de São Sebastião, celebrado desde 1568.

No dia 1º de janeiro de 1502, sábado, o navegador português Gaspar de Lemos avistou a Baía de Guanabara. Deu à baia, na época, o nome Rio Janeiro. Embora se afirme que o nome Rio Janeiro tenha sido escolhido em virtude de os portugueses acreditarem tratar-se a baía da foz de um rio, na verdade, à época, não havia qualquer distinção de nomenclatura entre rios, sacos e baías – motivo pelo qual foi o corpo d'água corretamente designado como rio.

Mapa francês de 1555, respeita o nome português do Rio Janeiro (não tem o "de"). Em francês seria River en Janvier.

Em 10 de novembro de 1555, domingo, o francês Nicolas Durand de Villegagnon, fundou a cidade francesa com o nome de França Antártica.

Em 1º de março de 1565, quinta-feira, o português Estácio de Sá fundou a cidade portuguesa com o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao então Rei de Portugal, D. Sebastião, e, obviamente em homenagem também ao santo São Sebastião. Fundou a cidade com o propósito de expulsar os francesas da região. Combateu os franceses e seus aliados indígenas por mais dois anos.

Rei de Portugal, D. Sebastião, de 11 de Junho de 1557 a 4 de Agosto de 1578
Em 20 de janeiro de 1567, segunda-feira, dia de São Sebastião, com a chegada da esquadra comandada por Cristóvão de Barros com reforços comandados pessoalmente por seu tio Mem de Sá (indígenas mobilizados pelos padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega), lançou-se ao ataque, travando os combates de Uruçu-mirim (atual praia do Flamengo) e Paranapuã (atual Ilha do Governador). Deu-se então a expulsão e derrota definitiva dos franceses e seus aliados indígenas.

Gravemente ferido por uma flecha indígena que lhe vazou um olho durante a batalha de Uruçu-mirim (20 de Janeiro), veio a falecer um mês mais tarde (20 de Fevereiro), provavelmente por septicemia decorrente do ferimento.

Em 20 de janeiro de 1568, começou a tradição do feriado de São Sebastião no Rio de Janeiro.

São Sebastião (1473), de Sandro Botticelli

São Sebastião nasceu em Pretória, na Itália, por volta do século III. Pertencente a uma família cristã, ele foi batizado enquanto criança. Anos mais tarde, seguindo a carreira militar, São Sebastião foi nomeado capitão pelo Imperador Diocleciano por sua fidelidade e valor.

Na posição de chefe, ele aproveitava para melhor confortar os cristãos quando denunciados ou condenados à morte. Diocleciano, identificando Sebastião como verdadeiro cristão, o deteve e forçou a renegar sua fé. Sem fazer a vontade do imperador, o santo foi amarrado a um tronco de árvore e alvejado por flechas.

Resistindo à tortura, ele sobreviveu e manifestou ao imperador sua reprovação pela violência praticada contra os cristãos. Essa atitude lhe custou a condenação à morte, pela segunda vez, ocorrida a pauladas no ano 303.

Para ver outra versão da história de São Sebastião, veja aqui.





Último Segundo - iG Rio de Janeiro

História
Imagem de São Sebastião, na cidade do Rio de Janeiro


Ao contrário de outras capitais, o Rio tem seu feriado no dia do padroeiro e não na data de sua fundação – dia 1º de março. Para o historiador Milton Teixeira, essa diferença se deve à tradição do feriado de São Sebastião, celebrado desde 1568.

“Na época, esse também era o dia em que tomavam posse os vereadores da cidade, vestidos com uma roupa toda trabalhada, cheia de penachos”.

Segundo Teixeira, mesmo com proclamação da República, o feriado de 20 de janeiro foi mantido pela sua tradição. “A única vez em que tentaram tirá-lo, em 1966, houve uma chuva tamanha na cidade que nenhum administrador pensou mais nesse assunto”.




O Globo - Publicada em 20/01/2010 às 22h54m - Ediane Merola e Ruben Berta

Procissão de São Sebastião reúne 50 mil

Com sombrinhas para enfrentar o calor, fiéis acompanham a procissão em homenagem a São Sebastião / Foto: Mônica Imbuzeiro - O Globo

RIO - Cerca de 50 mil pessoas, segundo estimativa da Arquidiocese do Rio, acompanharam na tarde desta quarta-feira a procissão de São Sebastião, padroeiro da cidade. Apesar do forte calor, os fiéis não desanimaram: às 15h, saíram da Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, para uma caminhada de mais de duas horas com destino à catedral, na Avenida Chile, onde um grupo de teatro realizou um auto em homenagem ao santo.

Em frente ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), na Praça da Cruz Vermelha, o prefeito Eduardo Paes se juntou ao arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, e seguiu na procissão. O público se dividiu entre aplausos e vaias ao prefeito, que não falou com a imprensa. Pelas ruas do Centro e da Tijuca, os fiéis enfrentaram o calor, principalmente com a ajuda de sombrinhas. As amigas Janilda Freitas e Maria de Fátima Pereira pararam numa sombra, na altura do Complexo Penitenciário da Frei Caneca, mas logo seguiram adiante.

- Para pagar penitência tem de ser no sol, no calor mesmo. Vento e sombra não pode não - disse Maria de Fátima Pereira.

Cerca de 2.500 pessoas vão à missa na Tijuca

Pela manhã, 2.500 pessoas estiveram na Igreja dos Capuchinhos para uma missa em homenagem ao padroeiro. Dom Orani lembrou que não é por acaso que São Sebastião é o padroeiro do Rio:

- Não é por acaso, é providência. Ele nunca desanimou diante da pressão e da tortura. Hoje, o cristão tem que rever seus valores. Não pode ser cristão só para si, mas para ajudar o mundo a ser melhor. Tem que ajudar o homem a ser mais homem - disse o arcebispo, lembrando que na vida tudo passa, menos a presença de Cristo. - Lembra da cruz da catedral do Haiti? A igreja desabou, mas a cruz ficou de pé. A ideologia, a filosofia podem passar, mas Cristo vai permanecer.

A igreja ficou lotada durante toda a manhã. A maioria dos fiéis vestia alguma peça na cor vermelha, como a aposentada Raimunda Monteiro Matos, de 80 anos. Ela disse que mora em Manaus, mas todos os anos vem ao Rio, em janeiro, para visitar as filhas e homenagear o santo:

- Meus pais eram devotos. Moravam numa fazenda e faziam festas lindas para São Sebastião. Tudo o que você pede ao santo, com fé, ele atende.

Publicado originalmente no site ComVir.

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